sexta-feira, 27 de setembro de 2013

LESÕES DA CARTILAGEM DO JOELHO

As lesões da cartilagem do joelho referem-se, frequentemente às roturas dos meniscos, eles próprios, estruturas cartilagíneas.

Como já se referiu, os meniscos são estruturas rígidas, semelhantes a borracha que estão ligadas a ligamentos do joelho e que permitem a absorção dos impactos resultantes da marcha, corrida ou saltos.

As superfícies articulares dos ossos longos estão revestidas por cartilagem. Quando essa cartilagem sofre uma lesão fala-se em lesão condral ou, se a lesão envolver também o osso, designa-se por lesão osteocondral.

Estes dois tipos de lesões são comuns em pessoas com menos de 35 anos e acima dos 60 anos de idade.

As lesões da cartilagem podem ocorrer em desportos onde ocorrem movimentos de rotação, torção, desaceleração, placagem, drible ou contacto direto.

Existem diversas atividades quotidianas que afetar o joelho, dada a complexidade da sua estrutura e dada a diversidade de elementos que integram esta articulação.

As lesões das cartilagens do joelho são difíceis de tratar dada a sua reduzida capacidade de regeneração e dado o ambiente hostil que rodeia a articulação do joelho, submetida constantemente a inúmeros esforços. Como tal, elas tendem a evoluir para dor incapacitante e para osteoartrite precoce.

Fatores de risco para as lesões na cartilagem do joelho

O trauma é o mecanismo mais comum de lesão mas esta também pode resultar de esforços repetidos.

As forças rotacionais que ocorrem num trauma direto são as mais frequentemente envolvidas na lesão da cartilagem articular.
É raro ocorrer uma lesão isolada da cartilagem articular, estando habitualmente presentes lesões nos ligamentos ou meniscos.

As lesões osteocondrais são mais comuns nos adolescentes.

A cartilagem articular apresenta escassa capacidade de se regenerar, razão pela qual estas lesões conduzem à formação de tecido cicatricial, deficiente em colagénio e com menor capacidade de suportar carga. Esta deterioração pode progredir para um quadro de dor crónica e perda de função e causar um início precoce de osteoartrite.

Sintomas das lesões na cartilagem do joelho

Uma vez que as cartilagens articulares não são vascularizadas nem apresentam estruturas nervosas, a dor não é um sintoma comum. Contudo, alguns doentes podem referir dor em repouso que é agravada por exercícios que impliquem carga.

Se estas lesões persistirem muito tempo, ocorre fraqueza do joelho relacionada com perda de massa muscular e pela instabilidade dos ligamentos adjacentes.

Se um dos fragmentos da cartilagem se soltar pode bloquear o movimento da articulação.

Em alguns casos, ocorre um derrame.

A palpação do joelho é dolorosa e a dor é induzida por movimentos ativos e passivos. Se o joelho estiver instável, esses movimentos originam uma crepitação.

Diagnóstico das lesões na cartilagem do joelho

A avaliação do joelho passa sempre pela história clínica, pelo exame médico e pelo estudo por radiografia e/ou ressonância magnética.

Por vezes, pode ser necessária a realização de uma artroscopia, mediante a realização de pequenas incisões, para se poder observar diretamente as estruturas lesadas.

Tratamento das lesões na cartilagem do joelho

O diagnóstico aqui pode ser tardio porque os sintomas nem sempre são muito evidentes e os pacientes não se recordam de nenhum trauma significativo.

Quando as lesões são recentes, deve-se aguardar algum tempo para avaliar a evolução da cartilagem e para verificar se ocorrem ou não sintomas.

Se a dor se mantém após a fase inicial, a cirurgia permite uma melhor recuperação e não deve ser adiada.

O tratamento conservador baseia-se no descanso, com o uso de canadianas nas primeiras 24-48 horas, na aplicação de gelo durante 20 minutos por hora nas primeiras 48 horas após a lesão, na compressão com uma ligadura elástica e elevação da perna acima do nível do coração.

O uso de anti-inflamatórios ou a injeção de corticóides no local afetado são complementos importantes do tratamento.

Quando a dor e a inflamação desaparecem, é importante aumentar a força e a amplitude de movimentos do joelho de modo a estimular o potencial de cicatrização da cartilagem articular. Esse objetivo consegue-se mediante a realização de movimentos passivos que estimulam o movimento do líquido sinovial, com melhor difusão de nutrientes para a cartilagem afetada, e que reduzem a formação de tecido cicatricial a nível da articulação.

A cirurgia está indicada em lesões mais extensas ou sintomáticas e envolvem o desbridamento da cartilagem, o uso de enxertos ou a transferência de células que estimulam a regeneração da cartilagem.

A recuperação deste tipo de lesão é melhor quando a sua dimensão é menor do que 2 cm, quando os sintomas duram há menos de 18 meses antes da cirurgia, se não ocorreu nenhuma cirurgia anterior, em pacientes mais jovens e naqueles que já praticavam desporto.

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