terça-feira, 28 de setembro de 2010

TREINO DA TÉCNICA DESPORTIVA

A técnica desportiva é definida como o domínio completo das estruturas motoras económicas de exercícios desportivos, considerando o resultado máximo a ser atingido nas mais difíceis condições da competição.

Uma técnica defeituosa impedirá que o atleta coloque suas potencialidades físicas (força, flexibilidade, resistência, etc.) crescentes a serviço de uma "performance"específica superior.

A técnica não tem a mesma importância em todos os desportos. Portanto, o aperfeiçoamento técnico deve receber em cada modalidade uma aplicação diferente. O caminho para a perfeição técnica no desporto é definido em primeiro lugar pelo nível inicial da técnica e pelas experiências motoras adquiridas. Os desportistas com melhor treino em coordenação aprendem mais depressa a execução tecnicamente correcta do que outros que possuem um repertório de movimentos menor e uma base coordenativa restrita. Portanto, é muito importante o trabalho precoce no sentido de ampliar o repertório de movimentos e aperfeiçoar as técnicas básicas de execução dos mesmos.

Para explicar o processo da aprendizagem, há que se entender as bases psicológicas e neurofisiológicas da aprendizagem de movimentos. Só assim, poderemos entender como o atleta passa do estado de não saber ao estado de realização de certo movimento.

Para que um acto motor seja aprendido por um indivíduo, ocorre a divisão desse processo em três fases:
  • Fase pré- motora: preparação do acto por estabelecimento de um programa motor (visualização do acto).
  • Fase motora: realização de programas motores. Aqui o atleta vivência e experimenta o que antes só havia na sua mente.
  • Fase pós-motora: apreciação do movimento; o atleta julga se o que fez pareceu ou não com aquilo que lhe foi ensinado. Caso encontre falhas no seu movimento, poderá então estabelecer um novo processo motor.
O Professor/Treinador poderá corrigir o gesto motor do atleta durante ou após a execução do movimento.
Há que se repetir o gesto motor desejado constantemente, pois a aprendizagem motora ou a técnica nada mais é do que o condicionamento das ligações sinápticas que induzem os sistemas neuronais a uma nova textura, específica para aquele movimento.

O elogio e a censura, o stress de aprendizagem e a atenção aparecem como reforçadores tanto positivos como negativos da aprendizagem motora, portanto técnica; daí a sua importância. Esses elementos influenciam, pela estimulação ou inibição, o desenvolvimento dos processos de síntese feito pelo sistema nervoso do atleta. Portanto, o elogio e a censura devem ser factores de grande preocupação por parte dos treinadores uma vez que usando-os, de uma ou outra forma, ocorrerão modificações nas fórmulas bioquímicas do organismo do atleta, fazendo com que ele assuma determinado tipo de comportamento.

O Treinador deve, logo no início do trabalho com aquele atleta, instrui-lo a executar a técnica do movimento mais eficaz e económica na realização daquela tarefa, para, mais tarde, permitir os ajustes pessoais de estilo de cada atleta. Nesse ponto, o Treinador passa a corrigir o atleta baseando-se na sua técnica individual.

Para que sejam possíveis correcções motoras precisas, deve-se utilizar mecanismos de controlo como filmes, fotos e vídeos.

O processo de aprendizagem técnica deve prosseguir sem muitas pausas prolongadas entre as unidades de treino, senão a eficácia do treino poderá diminuir. O treino técnico deve ser feito em estado repousado; a quantidade das repetições de exercício deve adaptar-se às bases condicionais e à capacidade de concentração; um sistema nervoso central cansado não permite uma concentração ideal.