quarta-feira, 23 de outubro de 2013

HÉRNIA DISCAL CERVICAL

A coluna vertebral é composta por muitos ossos, chamados vértebras, que estão alinhadas umas sobre as outras desde a base das costas à base da nuca. Entre cada duas vértebras existe um disco intervertebral, que permite que a coluna seja bastante flexível. O disco tem uma parte mais forte fibrosa externa chamada anel fibroso e uma parte mais macia meio gelatinosa interna chamada núcleo pulposo.

 Numa hérnia discal o que acontece é que parte da matéria interna mais macia do disco (núcleo pulposo) se desloca para fora devido a uma fraqueza na parte externa do disco. A saliência que se forma poderá pressionar as estruturas circundantes, como os nervos provenientes da medula espinhal e que saem nos espaços laterais entre cada duas vértebras, causando sintomas neurológicos que variam na região dependendo do nervo afetado.

As hérnias discais são uma das lesões das mais comuns da coluna cervical. Geralmente ocorrem entre os 30-50 anos de idade, e, apesar de poderem ter origem num traumatismo da coluna cervical, os sintomas, incluindo dor no braço, geralmente começam sem razão aparente. Os dois níveis mais comummente afetados são o C5 - C6 e o C6-C7. 

SINAIS E SINTOMA/DIAGNÓSTICO 

Os sinais e sintomas de uma hérnia discal cervical dependem do nível que está afetado:

Hérnia discal entre C4 - C5 (raiz nervosa C5) - Pode provocar fraqueza do músculo deltóide no braço. Normalmente não causa dormência ou formigueiro. Pode causar dor no ombro.

Hérnia discal entre C5 - C6 (raiz nervosa C6) - Pode provocar fraqueza do bicípite e dos músculos extensores do punho. Dormência e formigueiro, juntamente com dor, que pode irradiar para o polegar. Este é um dos discos mais comummente afetados.

Hérnia discal entre C6 - C7 (raiz nervosa C7) - Pode provocar fraqueza do tricípite e dos músculos extensores dos dedos. Dormência e formigueiro, juntamente com dor, que pode irradiar para trás do braço e até ao dedo médio.

Hérnia discal entre C7 - T1 (raiz nervosa C8) - Podem provocar fraqueza na preensão.

Dormência e formigueiro e a dor pode irradiar para baixo do braço, até ao dedo mindinho.

Algumas pessoas não têm quaisquer sintomas. Os estudos demonstram que os sintomas de hérnia discal estão intimamente relacionados com a compressão da raiz nervosa e isso não acontece em todos os casos de hérnia discal, logo existem muitas que se mantêm assintomáticas.

Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e um exame da coluna cervical, torácica e ombro, é necessária para ajudar no diagnóstico de hérnia discal cervical. A confirmação do diagnóstico muitas vezes começa com um raio-X à coluna cervical, no entanto, a ressonância magnética (RM) é o principal meio de diagnóstico, pois permite visualizar o disco intervertebral em detalhe, assim como o espaço dos buracos de conjugação e o canal medular.

TRATAMENTO
Na maioria dos casos, os estudos de RM têm demonstrado que a parte saliente da hérnia discal tende a regredir ao longo do tempo. Os sintomas tendem então a aliviar, muitas vezes desaparecendo sem qualquer tratamento específico. Em apenas cerca de 1 em 10 casos, a dor mantém-se grave e limitativa após seis semanas. Nesses casos o tratamento inclui:


Manter-se ativo e seguir plano de exercícios terapêuticos 
 No passado, o conselho era para descansar até que a dor aliviasse. Sabe-se agora que isso está errado. Continuar com as atividades normais na medida do possível torna a recuperação mais rápida e diminui a probabilidade de desenvolver dor crónica. Como regra, não faça nada que cause muita dor. No entanto, terá que aceitar algum desconforto numa fase inicial. Não há nenhuma evidência científica que comprove que uma determinada almofada é melhor do que qualquer outro tipo de almofada para as pessoas com dor nas costas.

Um plano de exercícios terapêuticos deverá ser elaborado pelo seu fisioterapeuta de forma a melhorar a função dos músculos que dão suporte à coluna e estimular o trabalho dos estabilizadores. Uma hérnia pode deslocar-se em vários sentidos e com vários graus de gravidade, pelo que é importante ter um diagnóstico exato antes de começar qualquer intervenção terapêutica.

Os benefícios das mobilizações e manipulações são bastante discutíveis e muitas vezes os resultados obtidos não são os esperados, no entanto técnicas de massagem, aplicação de calor e eletroterapia (TENS) e técnicas de McKenzie para relaxamento e libertação de estruturas musculares e fasciais que estejam tensas ajudam a aliviar os sintomas.

Medicação

Deverá aconselhar-se com o seu médico antes de iniciar qualquer medicação. Nos casos de dor persistente a medicação analgésica, quando tomada de uma forma regular durante um período determinado de tempo poderá ajudá-lo a manter-se ativo.

O paracetamol é geralmente suficiente se tomado de forma regular. Para um adulto, isto significa 1000 mg (geralmente dois comprimidos de 500 mg), quatro vezes ao dia.

Analgésicos anti-inflamatórios. Poderão ser uma opção ao paracetamol. Eles incluem o ibuprofeno, o diclofenaco ou naproxeno.

Um relaxante muscular, como o diazepam é prescrito às vezes por alguns dias, se os músculos do pescoço estiverem muito tensos e desencadearem a dor.

Em alguns casos, um colar cervical pode ser recomendado para ajudar a oferecer algum descanso e suporte à coluna cervical.

Cirurgia
A cirurgia pode ser uma opção em alguns casos. Como regra, a cirurgia pode ser considerada se os sintomas não aliviaram após cerca de seis semanas e se provocarem uma diminuição significativa da qualidade de vida do paciente. O objetivo da cirurgia é remover a parte herniada do disco. Isso muitas vezes atenua os sintomas. No entanto, não funciona em todos os casos. Também, como com todas as operações, há o risco da cirurgia. Deverá aconselhar-se com um especialista (ortopedista) sobre os prós e contras da cirurgia, e as diferentes técnicas que estão disponíveis.


Exercícios terapêuticos para hérnias discais cervicais 
 Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma hérnia discal cervical. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.

Correção postural da cervical e ombros 
 Em pé ou sentado, rode os ombros para trás e para baixo, enterre o queixo e imagine que tem uma linha a puxar-lhe o topo da cabeça. Mantenha esta posição durante 20 segundos.

Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.

Adução das omoplatas 
Em pé ou sentado, com os cotovelos dobrados. Puxe os ombros e cotovelos para trás e para baixo.

Mantenha a posição durante 8 segundos. Retorne lentamente à posição inicial.

Repita entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.

Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Ver também:
Hérnia discal lombar


Fonte: http://fisioterapiajoaomaia.blogspot.pt/2013/01/hernia-discal-cervical.html 

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