terça-feira, 24 de maio de 2016

Desporto como património da humanidade teve lugar ontem, ao fim da tarde, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, no âmbito da Comemorações Nacionais do Dia Olímpico

Foto: Câmara Municipal de Setúbal
Uma conferência que abordou o desporto como património da humanidade teve lugar ontem, ao fim da tarde, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, no âmbito da Comemorações Nacionais do Dia Olímpico, que se assinala a 23 de junho.

Pedro Manuel-Cardoso, antropólogo, museólogo, investigador e membro da Comissão de Cultura e Desporto do Comité Olímpico de Portugal, foi o orador da conferência, organizada em parceria pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo Comité Olímpico de Portugal, do programa de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016.

O investigador sublinhou a importância da distinção de Setúbal como Cidade Europeia do Desporto em 2016, facto que coincide com a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de janeiro e com o tema “Desporto, Património da Humanidade”, proposto este ano pela Unesco e pelo Comité Internacional dos Monumentos e Sítios.

“A razão pela qual o desporto é património ajuda a compreender como o olimpismo o originou e explica-o. É isto que justifica a escolha do nome desta conferência de celebração do Dia Olímpico”, referiu Pedro-Manuel Cardoso.

O desporto, segundo o investigador, é “um dos mais eficazes sistemas de regulação do comportamento humano e, simultaneamente, de invenção de novas motricidades. É por causa disso que o Desporto é Património da Humanidade. E é essa compreensão que importa atualizar hoje, aqui, em Setúbal, na Cidade Europeia do Desporto.”

esse sentido, Pedro Manuel-Cardoso frisou que o olimpismo mostra que o desporto é um domínio do comportamento humano “completamente diferente e autónomo da saúde, do exercício, da motricidade e das práticas lúdicas e recreativas” e que, “ao ser uma ética através da competição, é já em si mesmo uma pedagogia”.

Por isso, defendeu a necessidade de se conciliar a educação física e o desporto nos conteúdos curriculares do ensino básico e secundário. O desporto, considera, não deve ser, “como na atual política, uma coisa à parte, prescindível, colocada nas atividades extracurriculares”.

O investigador vincou, igualmente, que um “bom projeto de património” para o futuro será o desporto “incluir nas suas competências científicas e profissionais o digital e a robótica molecular”, pois “um dia, alguém terá de preparar os quadros competitivos, validar os resultados desportivos e preparar o treino verificando essa exigência”.

Manuel-Cardoso falou também em Setúbal sobre o projeto da Casa da Cultura do Olimpismo, do Comité Olímpico de Portugal, que foi apresentado ao Governo em março. O objetivo é criar um espaço que conte a história da participação de Portugal nos Jogos Olímpicos e “ofereça às pessoas e à sociedade a compreensão do olimpismo de modo competente e credível”.

O equipamento terá as valências de arquivo, biblioteca, museu e espaço para exposições. “Será um lugar de memória, um sítio cultural e uma agenda de lazer e eventos. Permitirá compreender o desporto desde os primeiros Jogos Olímpicos até à atualidade, enquanto instituição humana e social que percorreu um percurso histórico de 2791 anos.”

Tendo como objetivo a valorização do património do desporto como elemento “crucial para a identidade das comunidades a nível local e regional”, Pedro Manuel-Cardoso recordou, ainda, a proposta que fez no dia 20 de abril, na Assembleia da República, para a constituição de um grupo de trabalho de definição da estratégia do Estado na gestão do património desportivo português.

A proposta foi aceite e dará origem a uma resolução da Assembleia da República que fará uma recomendação ao Governo. Nesse grupo de trabalho estarão dois representantes das autarquias, designados pela Associação Nacional de Municípios Portugueses e pela Associação Nacional de Freguesias.

“A responsabilidade do Estado pela gestão do património do desporto tem de ser realizada através de diversos museus, trabalhando em rede e complementaridade. Logo, o trabalho de gestão do património em cada município é imprescindível para preservar e transmitir os seus valores e benefício.”

 concluir a conferência, Pedro Manuel-Cardoso frisou que a compreensão do desporto e do olimpismo “beneficia as pessoas e a sociedade, e é um esforço que exige rigor científico e uma responsabilidade partilhada”.

Acresce que essa compreensão do desporto “ajuda a mudar e a desenvolver” e “não apenas a melhorar os conteúdos curriculares de quem o ensina ou a planear a sua intervenção no desenvolvimento local e regional, mas também a necessária e urgente reforma da política pública de desporto”

Texto: Câmara Municipal de Setúbal

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