Foto: Câmara Municipal de Setúbal |
Francisco Lufinha, velejador português recordista do mundo da maior
viagem de kitesurf sem paragens, partilhou no dia 11, no Fórum Municipal
Luísa Todi, histórias e momentos da superação dos objetivos que levaram
a uma experiência náutica surpreendente.
“É preciso largar e acreditar.” A afirmação, de Francisco
Lufinha, que dá vento e conduz a prancha do desportista na superação dos
objetivos, foi partilhada na palestra “Experiências Náuticas
Surpreendentes”, integrada no programa da Semana do Mar – Setúbal 2016, a
decorrer até 16 de outubro.
Aspetos das histórias que levaram à superação dos objetivos do atleta
luso, que levaram a sucessivos recordes mundiais desde 2013, foram
revelados na iniciativa aberta à população e que contou no público,
sobretudo, com alunos dos agrupamentos de escolas Ordem de Sant’Iago e
Cetóbriga.
“Quero partilhar convosco o que fiz e tentar inspirar-vos a fazer coisas semelhantes”,
indicou o desportista de 33 anos, que começou por falar na primeira
aventura, melhor, o primeiro recorde mundial alcançado numa viagem de
kitesurf sem paragens entre o Porto e Lagos. Foram 307,5 milhas náuticas
em mais de 27 horas.
Vento a 20 nós, lua cheia e céu limpo. Estas foram três condições
essenciais para o sucesso de Francisco Lufinha, que, em 2013, bateu o
recorde do mundo, na altura fixado em 199 milhas náuticas. Esteve para
não conseguir. Perto do Cabo Espichel ficou sem vento. Tinha percorrido
197 milhas. Mas o vento voltou a soprar de feição.
“Quando se acredita, as coisas acontecem. Toda a gente me dizia que era impossível”, recordou, para depois abordar a preparação para o desafio. Entre muito treino físico, um teste duro à perseverança. “Fiquei 24 horas em cima de uma prancha, numa piscina, para experimentar a resistência do corpo.”
Mais que treino, distribuído ao longo de muitas horas diárias, entre
corrida, ginásio, natação e prática de kitesurf, o atleta reforçou que
há outros sacrifícios a fazer, concretamente um regime alimentar
especifico para aguentar toda a exigência dos desafios e, ainda, muito e
bom descanso.
“A preparação é 80 por cento do sucesso”, confessou Francisco
Lufinha, que nesta palestra realizada no âmbito de Setúbal Cidade
Europeia do Desporto 2016 falou ainda do segundo desafio superado, uma
travessia marítima no ponto mais a sul de Portugal, entre as Ilhas
Selvagens e o Funchal, na Madeira.
Depois, a maior aventura, para bater mais um recorde mundial. Uma
travessia entre Lisboa, a partir do Terreiro do Paço, e Machico, na
Madeira. O recorde da maior viagem de kitesurf sem paragens foi batido,
num total de 543 milhas náuticas percorridas, correspondente a 874
quilómetros, e perto de 48 horas no mar, mas o cansaço levou-o a
interromper o trajeto.
“Foi duro, muito duro. Mas valeu a pena”, repetiu, insistentemente, Francisco Lufinha, que relembrou alguns dos episódios mais complicados da última aventura. “Dei
uma grande queda e perdi a minha melhor prancha. Pior, o barco de apoio
continuou a toda velocidade e fiquei para trás sozinho. Estive em
perigo.”
Depois, o cansaço acumulado, a visão quase nula durante a noite quando a lua teimava em não aparecer, e o sono. “Adormeci algumas vezes e tive alucinações.”
Estas foram apenas algumas das peripécias superadas nas viagens e que
mostram a coragem, determinação e imaginação necessárias para superar os
desafios.
Francisco Lufinha, 33 anos, natural de Lisboa, iniciou a prática da
vela aos 11 anos. Durante sete anos de competição ganhou regatas
nacionais e regionais, tendo representado Portugal em diversas provas
europeias. Além da vela, praticou esqui aquático, wakeboard e windsurf,
mas foi o kitesurf que mais o cativou.
Em 2005, sagrou-se campeão nacional e, em 2006, foi vice-campeão e
alcançou um quinto lugar na regata do circuito mundial PKRA, em
Portimão. Em paralelo com a vida desportiva, Francisco Lufinha concluiu
em 2007 o mestrado em Engenharia e Gestão Industrial no Instituto
Superior Técnico.
Fonte: Câmara Municipal de Setúbal
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