Publicamos aqui, a
entrevista do treinador de Hoquei em Patins do Grupo Desportivo de Sesimbra, Artur
Pereira, ao Jornal de Desporto.
Sesimbra é uma terra
com fortes ligações ao hóquei em patins modalidade que tem feito vibrar um
público verdadeiramente aguerrido e incansável no apoio que dá à sua equipa. Ao
longo dos tempos têm sido vários os títulos conquistados tanto a nível distrital,
regional, nacional bem como a nível internacional [sendo de salientar aqui a
vitória na Taça CERS, conseguida em 1981], fruto de diversas participações em
taças europeias. O Torneio Praias de Sesimbra que todos os anos se realiza por
alturas da Páscoa é um ponto de referência da modalidade assim como o nome do
selecionador nacional de hóquei em patins, Luís Sénica, também ele natural de
Sesimbra.
Porque os tempos
agora são outros e a situação do país não ajuda o clube encontra-se atualmente
a disputar o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão e nos escalões de formação
também já viveu melhores dias. Contudo, tendo em conta o trabalho que está a
ser desenvolvido as perspetivas quanto ao futuro parecem ser animadoras.
Artur Pereira, o treinador da equipa sénior e coordenador técnico
do hóquei sesimbrense fez o ponto da situação do clube, falando do momento atual,
dos objetivos para a nova época desportiva e das relações com a Associação de
Patinagem de Setúbal.
“Neste momento
não podemos aspirar a mais que a 2ª divisão”
Tendo em conta
a atual conjetura económica do país. Pergunta-se, como está atualmente o hóquei
em patins em Sesimbra, terra de grandes tradições na modalidade?
O hóquei em patins continua a ser uma modalidade
muito querida dos sesimbrenses, apesar de neste momento passar por uma
restruturação nomeadamente nos escalões mais jovens, visto termos neste momento
em falta os escalões de Iniciados e Juvenis. Por isso, resolvemos apostar forte
na iniciação para no futuro voltarmos a ter todos os escalões. A nível dos
seniores o Sesimbra de há alguns anos para cá, tem apostado quase em exclusivo
nos atletas formados no clube, com um grupo jovem, com uma média de 23 anos de
idade.
Depois de ter
andado muitos anos na alta-roda da modalidade, tanto a nível nacional como
internacional, o Sesimbra disputa presentemente o campeonato nacional da 2.ª
divisão. É este o lugar onde realmente merece estar?
Neste momento, não podemos aspirar a mais que a 2ª
divisão, devido aos problemas económicos que o país atravessa e ao elevado
preço das transferências, optámos por apostar nos nossos jovens. Claro que o
Sesimbra é um clube que pelo seu historial deveria ser presença assídua na 1ª
Divisão, mas infelizmente tal não é possível neste momento. Se o clube conseguir
estabilizar a sua parte financeira pode ser que em poucos anos possamos lutar
por uma subida de divisão. A equipa sénior é uma equipa com jovens de valor que
com 2 ou 3 reforços de nível poderia aspirar a essa subida.
A nível dos
escalões de formação nota-se alguma lacuna com a falta de atletas em alguns
escalões o Sesimbra. Como estão a pensar dar a volta à situação?
Como já foi dito, o Sesimbra teve há uns anos atrás
falta de miúdos na iniciação ao hóquei em patins e por isso neste momento está
a pagar um pouco essa falha, com a falta de dois escalões. Nesta altura,
estamos a trabalhar de base e na próxima época já teremos uma equipa de
Benjamins e de Escolares, e possivelmente apresentaremos uma equipa de bambis
nos torneios de mini hóquei, além das equipas de Infantis e Juniores. Esperamos
a curto prazo voltar a ter todos os escalões de formação.
“Associação
penaliza clubes com aumento das taxas de arbitragem e organização de jogos”
Falando ainda
da formação, têm sido muitas as queixas dos clubes em relação à AP Setúbal
relativamente à forma como vem gerindo a modalidade no distrito. As
divergências provavelmente têm vindo a ser prejudiciais para a modalidade?
Sem dúvida, o ano passado então foi terrível. Lembro
o caso dos juniores que por manifesta incompetência da Associação de Setúbal,
as três equipas apuradas para o Nacional acabaram por não participar, foi um
tremendo passo atrás na evolução dos atletas. Como se sabe, existem poucas
equipas em Setúbal e os atletas acabam por não ter tantos jogos como outras
associações e depois quando chegamos ao Nacional essa diferenças em maioria dos
casos nota-se muito. Apesar disso, para a próxima época deu-se um passo em
frente na tentativa de melhorar os campeonatos e houve vontade do diretor
técnico distrital ouvir os treinadores. Isso foi importante, mas quando tudo
parecia que ia melhorar eis que os senhores da Associação de Patinagem de
Setúbal resolvem penalizar os clubes com um aumento de 40 euros por jogo nas
taxas de arbitragem e organização de jogos. Se isto não é querer matar o hóquei
no Distrito, então é o quê? Estas verbas são um abuso comparado com outras
associações do país.
Em relação à
próxima época, já estão definidos os objetivos?
Sim, os objetivos passam por garantir a manutenção o
mais depressa possível melhorando se possível o 7.º lugar da temporada passada.
Que jogadores
vai ter à sua disposição em 2014/2015?
Brevemente o plantel será anunciado. De qualquer
forma poderei dizer que irá ser praticamente o mesmo da época transata. Haverá
apenas duas saídas e duas entradas.
Quando começa
o trabalho com vista à nova época?
A época vai começar no dia 25 de Agosto porque este
ano o Campeonato tem início mais cedo (19 de Setembro). Para nós vai ser um
começo complicado porque teremos algumas baixas importantes; um jogador
castigado com dois jogos, um que foi operado e outro que vai casar nessa
altura.
Terá ficado
ainda alguma coisa importante por dizer?
Apenas gostava de fazer um apelo aos senhores da
Associação de Patinagem de Setúbal. “Não Matem o Hóquei em Patins no Distrito”,
conversem com os clubes, de certeza que todos juntos encontraremos as melhores
soluções para o nosso hóquei. E, por último, agradecer ao José Pina a
oportunidade de falar sobre o hóquei sesimbrense e a continuação do excelente
trabalho que tem feito em prol do desporto do distrito.
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