quinta-feira, 17 de julho de 2014

ENTREVISTA COM SÉRGIO BORIS »» COVA DA PIEDADE VAI APOSTAR NA MANUTENÇÃO NO NACIONAL

Publicamos aqui a entrevista do treinador principal da equipa do Clube Desportivo Cova da Piedade, Sérgio Boris, publicada no facebook do clube.

Nesta terceira época tem um objetivo bem simples: a manutenção no CNS, de preferência com tranquilidade. Se para além disso, for possível dotar o clube de mais estabilidade e consolidar o estatuto de segunda divisão, melhor ainda. Sempre com a tentativa de aproximar, cada vez mais, os adeptos do clube.

A dois dias do arranque da nova temporada (a terceira consecutiva de início com a mesma equipa técnica), ninguém melhor que o treinador para explicar o que aí vem, com essa garantia: o plantel está quase fechado! Foi pela formação do plantel, precisamente, que começou esta entrevista, cuja primeira parte é agora publicada:

Quais são as mudanças principais do plantel da época passada para o desta nova temporada?
Essencialmente, baixámos um pouco o número total de jogadores, para termos um grupo mais homogéneo.

Até pelas aquisições, é fácil perceber que tentámos buscar jogadores que nos ofereçam mais experiência e equilíbrio em determinados momentos do jogo, que nos faltou na época passada. O objetivo é misturar a experiência destes novos atletas com a irreverência da juventude.

Porquê?
Dou um exemplo, mas há vários. Na época passada, empatámos oito jogos na primeira fase, e em sete desses jogos, estivemos em vantagem no marcador. Houve responsabilidade de todos, incluindo treinador e jogadores, mas parece-me que talvez tenha faltado alguma experiência, com jogadores que soubessem segurar mais a bola e manter o ritmo do jogo.

Essa experiência vai agora ser mais notória com alguns jogadores contratados na casa dos 30 anos?
Acho que sim! Quando vemos o Nuno Abreu, com uma carreira longa na 2ª divisão e passagem pela 1ª liga... o Falardo que foi o mais utilizado no Farense há duas épocas quando subiu à Segunda Liga... e até o próprio Tiago Almeida, percebemos que temos jogadores que dão mais experiência e equilíbrio em determinados momentos do jogo.

Mas há também contratações de jovens com cerca de 20 anos, casos do Danny e André...
O Danny e o André foram contratados também pela qualidade. O Danny entra de uma forma fantástica no nosso modelo de jogo. É um jogador muito rápido, que dará certamente qualidade ao nosso jogo exterior, tal como poderá ser útil em momentos que tenhamos a necessidade de assumir um jogo mais em contra-ataque. O André tem escola e formação. Jogou no Vitória de Setúbal, Benfica e Rio Ave. São dois jogadores que nos podem ajudar. Não vieram apenas para fazer número. Não, nada disso.

Vão partir todos do zero, portanto...
Sim, é uma frase batida, mas no entanto, há jogadores que já construíram um passado e uma imagem e é mentira dizer que tudo isto não pesa. Eu não gosto de mentiras. Posso dar um exemplo: na época passada, o Tiago Jorge era o titular. Depois saiu e pela lógica entrou o João Marreiros. No entanto, o Gonçalo, que era júnior, teve uma oportunidade, cumpriu e acabou por fazer oito jogos pela equipa principal, apesar de termos o João disponível. Resumindo: Momentos marcantes da partida que garantiu a permanência agarramo-nos às competências e não aos nomes e aos estatutos!

Por essa lógica, não lamenta as saídas de jogadores da época passada.
Quem me conhece, sabe que não choro jogadores. É claro que me custa perder um ou outro jogador... mas nunca fico agarrado a isso! Quem saiu, saíu. A vida continua. O compromisso é com o novo plantel.

Por falar em saídas, o clube perdeu os 4 capitães da época passada. É preocupante ou a mística foi passada?
Há uma ordem lógica. O Hugo Rosa já foi capitão nalgumas circunstâncias. Dentro do grupo, há elementos com capacidade para seguir esse caminho e ter essa responsabilidade. Para mim, um capitão tem de sentir-se orgulhoso, mas também mais responsável. Não obrigamos ninguém a ser capitão. Nós propomos e quem aceita tem de assumir essa responsabilidade. Penso que o Hugo Rosa vai dar continuidade ao que já foi feito, mas também alguém de fora poderá eventualmente estar nesse grupo de capitães, que, por enquanto, ainda não está definido.

Preferem a série de Lisboa ou a do Algarve/Alentejo... uma vez que oficialmente ainda não está anunciado?
Por todas as circunstâncias que envolvem o clube, a de Lisboa. Por tudo, até pelo facto dos jogadores preferirem a de Lisboa, nós também queremos Lisboa. No entanto, do ponto-de-vista desportivo, talvez a do Algarve, já que conheço todos os estádios, todos os jogadores. Talvez partíssemos com um grau de conhecimento mais elevado com a série do Algarve. No entanto, a partir do momento em que ficar decidido que será Lisboa, é fazermos o trabalho de casa e rapidamente conhecermos todas as equipas da série.

Mas já deve haver uma ideia sobre as equipas de Lisboa. Quais são as maiores dificuldades?
O 1º de Dezembro, até porque passará a ser 100% profissional, com grande investimento, a trabalhar de manhã, vai assumir favoritismo. O Loures, até pelo que disse o seu treinador, José Viriato, também vai lutar pelos primeiros dois lugares. O Sintrense vai ser semi-profissional e é uma equipa muito forte. O Casa Pia também já assumiu a candidatura. O Sacavenense tem um treinador que venceu a série na época passada (ao serviço do Loures) e conhece bem a série.
Estas cinco equipas, pelo menos, são muito fortes... mas há sempre outras que surpreendem, como o Ferreiras na época passada.

Permita-me a provocação: o Cova da Piedade pode ser uma espécie de Ferreiras na época passada?
O Cova da Piedade vai jogar, sinceramente, para garantir a manutenção o mais rapidamente possível, com tranquilidade. Na última época conseguimos na penúltima jornada. Se agora conseguirmos na antepenúltima, já será melhor. No entanto, também digo que há algo que vai acompanhar-nos todos os jogos: a ideia da vitória! Isso é garantido! Se for possível andarmos nos primeiros lugares, vamos aproveitar, sabendo que os investimentos e objetivos das outras equipas são superiores e termos de ser coerentes. No entanto, também foi assim na última época e a três jornadas do fim, estávamos perto da fase de subida. E olhando para trás, podemos dizer que atingir objectivos neste clube nunca foi fácil, mas sempre foi ... este ano acredito que continuará a ser.

Nota: o planeamento e os objetivos da nova temporada foram a base desta primeira metade da entrevista ao treinador do Cova da Piedade.

A importância dos sócios e a relação entre jogadores e adeptos é o tema seguinte

Em relação aos sócios, é legítimo pensarem em mais do que a manutenção, ao verem nomes como Falardo, Pedro Alves ou Tiago Almeida?
As equipas são, naturalmente, formadas pelos jogadores, mas não podemos esquecer que há uma estrutura por detrás. Convém lembrar que há 25 anos que o Cova da Piedade não estava na segunda divisão.

É importante estruturar o clube e estabilizar o clube nesta divisão. No fundo, uma equipa de rotina na segunda divisão, ter nome e estatuto de segunda divisão. Se pudermos ficar em 4 º lugar, não vamos ficar em 5 º!

Se pudermos ficar em 3 º, não vamos ficar em 4 º lugar, e por aí fora. Vamos pedir aos sócios que nos apoiem. Apesar de termos 3, 4 jogadores habituados a jogar, normalmente, por outros objetivos, espero que os sócios entendam que 3, 4 jogadores não fazem uma equipa - ajudam a equipa!

Honestamente, peço e espero que haja uma maior empatia em determinados momentos entre sócios e equipa, fundamentalmente, porque o objetivo é o mesmo: ganhar.

Mas nem sempre isso é possível. Importante é que quando isso não acontecer, termos a massa associativa como no jogo decisivo com o Barreirense, que nos levou e empurrou para a vitória. Até me apetece dizer que foi aquela bancada que empurrou a bola, com o Jessy, para dentro da baliza.

Esse papel de apoiar é que é importante, e não comportamentos como já aconteceram em determinados jogos, em situações completamente deslocadas...

Os jogadores sentiram isso?
Claramente! Quando aos 3 e 5 minutos, temos pessoas a dizer que temos de jogar mais para a frente e melhor... O que nós pedimos aos sócios é que façam parte, que estejam connosco neste caminho.

Tudo faremos para atingir os nossos objetivos. Sabemos que o campeonato é longo e uma prova de regularidade e em determinadas alturas as coisas podem não resultar como desejamos. Será nesses momentos que queremos contar com os sócios para que todos juntos, nós e eles, façamos um Cova da Piedade mais forte.

E aos jogadores? O que lhes é exigido?
SB - Têm de ter um compromisso de seriedade. Quando montámos estes plantel, pensamos sempre na pessoa. Não basta ser competente como jogador. É isso que tentamos construir.
O plantel em termos desportivos parece-me competente e em termos pessoais, por aquilo que conhecemos, parece-me um grupo de homens. A partir daqui, pedimos responsabilidade, seriedade e compromisso com os objetivos definidos para que no final, todos juntos, possamos ter consciência tranquila.

Digo ainda que a minha grande "boleia" até hoje tem sido a motivação e será através dela, mais uma vez, que este grupo de jogadores vai fazer um bom campeonato e atingir os objetivos.

Pode até parecer uma contradição falar nisto, uma vez que temos jogadores de 35, 36 ou 38 anos de idade. Mas não é, porque a motivação não está na idade! Está nos princípios, nos valores e no caráter de cada um. E digo isto dando um exemplo: o nosso jogador mais utilizado na época passada foi o mais velho do plantel - o Ricardo Aires. Portanto, não há coincidências!

Pode pedir-se aos sócios que deem o benefício da dúvida, ao olharem para o BI dos jogadores?
Não me leves a mal mas acho que "benefício da dúvida" é um exagero! Eu acho que os sócios têm é de confirmar a competência destes jogadores, independentemente da idade.

Vamos lá ver: Pedro Alves foi o guarda-redes menos batido da nossa série na época passada; Tiago Almeida foi o melhor marcador da fase de manutenção, com os mesmos golos que Amadeu e Fábio Marques; Nuno Abreu fez um interregno mas é um jogador habituado a subidas; Filipe Falardo foi o jogador mais utilizado na equipa do Farense, campeão na segunda divisão, e subiu à Segunda Liga. Foi titularíssimo no Pinhalnovense que ganhou a nossa série, no ano passado.

Estamos a falar de 4 jogadores que têm essa idade, é verdade, mas vamos olhar para a última época e o seu rendimento no passado recente. Portanto, não me parece que exista essa questão.

Última questão relacionada com a claque do Cova da Piedade, os "Locais", e para os sócios. Que apelo faz a todos eles?
Para os "Locais", que não mudem. Que evoluam connosco. Têm tido um comportamento fantástico! Sou sincero: nunca pensei que tivessem a capacidade de chegar ao plantel como aconteceu. Há um grande envolvimento entre eles e os jogadores.

Ao fim e ao cabo, que cresçamos juntos: nós como equipa e consolidando o clube na segunda divisão, e eles como claque, consolidando também o seu nome como uma claque de clube de segunda divisão.

Aos sócios, que vibrem connosco. Que estejam ao lado da equipa e nos apoiem nos nossos momentos menos bons, porque juntos seremos mais fortes.

Fomos mais fortes quando tivemos 2500 adeptos com o Gil Vicente, quando tivemos 1300 com o Montijo e subimos de divisão, e quando tivemos mil pessoas contra o Barreirense e precisávamos de ganhar... e ganhámos.

Resumindo: sempre que estivemos juntos, o Cova da Piedade foi mais forte. A partir daqui, o que pedimos é que, independentemente de dias menos bons, estejamos sempre juntos, porque juntos estaremos mais fortes.

Fonte: Clube Desportivo da Cova da Piedade-Equipa Sénior
Foto:Desportoalmada


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