Publicamos aqui a
entrevista do treinador principal da equipa do Clube Desportivo Cova da
Piedade, Sérgio Boris, publicada no facebook do clube.
Nesta terceira época tem
um objetivo bem simples: a manutenção no CNS, de preferência com tranquilidade.
Se para além disso, for possível dotar o clube de mais estabilidade e
consolidar o estatuto de segunda divisão, melhor ainda. Sempre com a tentativa
de aproximar, cada vez mais, os adeptos do clube.
A dois dias do arranque
da nova temporada (a terceira consecutiva de início com a mesma equipa
técnica), ninguém melhor que o treinador para explicar o que aí vem, com essa
garantia: o plantel está quase fechado! Foi pela formação do plantel,
precisamente, que começou esta entrevista, cuja primeira parte é agora
publicada:
Quais são as
mudanças principais do plantel da época passada para o desta nova temporada?
Essencialmente, baixámos um pouco o número total de
jogadores, para termos um grupo mais homogéneo.
Até pelas aquisições, é fácil perceber que tentámos
buscar jogadores que nos ofereçam mais experiência e equilíbrio em determinados
momentos do jogo, que nos faltou na época passada. O objetivo é misturar a
experiência destes novos atletas com a irreverência da juventude.
Porquê?
Dou um exemplo, mas há vários. Na época passada,
empatámos oito jogos na primeira fase, e em sete desses jogos, estivemos em
vantagem no marcador. Houve responsabilidade de todos, incluindo treinador e
jogadores, mas parece-me que talvez tenha faltado alguma experiência, com
jogadores que soubessem segurar mais a bola e manter o ritmo do jogo.
Essa
experiência vai agora ser mais notória com alguns jogadores contratados na casa
dos 30 anos?
Acho que sim! Quando vemos o Nuno Abreu, com uma
carreira longa na 2ª divisão e passagem pela 1ª liga... o Falardo que foi o
mais utilizado no Farense há duas épocas quando subiu à Segunda Liga... e até o
próprio Tiago Almeida, percebemos que temos jogadores que dão mais experiência
e equilíbrio em determinados momentos do jogo.
Mas há também
contratações de jovens com cerca de 20 anos, casos do Danny e André...
O Danny e o André foram contratados também pela
qualidade. O Danny entra de uma forma fantástica no nosso modelo de jogo. É um
jogador muito rápido, que dará certamente qualidade ao nosso jogo exterior, tal
como poderá ser útil em momentos que tenhamos a necessidade de assumir um jogo
mais em contra-ataque. O André tem escola e formação. Jogou no Vitória de
Setúbal, Benfica e Rio Ave. São dois jogadores que nos podem ajudar. Não vieram
apenas para fazer número. Não, nada disso.
Vão partir
todos do zero, portanto...
Sim, é uma frase batida, mas no entanto, há jogadores
que já construíram um passado e uma imagem e é mentira dizer que tudo isto não
pesa. Eu não gosto de mentiras. Posso dar um exemplo: na época passada, o Tiago
Jorge era o titular. Depois saiu e pela lógica entrou o João Marreiros. No
entanto, o Gonçalo, que era júnior, teve uma oportunidade, cumpriu e acabou por
fazer oito jogos pela equipa principal, apesar de termos o João disponível.
Resumindo: Momentos marcantes da partida que garantiu a permanência
agarramo-nos às competências e não aos nomes e aos estatutos!
Por essa
lógica, não lamenta as saídas de jogadores da época passada.
Quem me conhece, sabe que não choro jogadores. É
claro que me custa perder um ou outro jogador... mas nunca fico agarrado a
isso! Quem saiu, saíu. A vida continua. O compromisso é com o novo plantel.
Por falar em saídas,
o clube perdeu os 4 capitães da época passada. É preocupante ou a mística foi
passada?
Há uma ordem lógica. O Hugo Rosa já foi capitão
nalgumas circunstâncias. Dentro do grupo, há elementos com capacidade para
seguir esse caminho e ter essa responsabilidade. Para mim, um capitão tem de
sentir-se orgulhoso, mas também mais responsável. Não obrigamos ninguém a ser
capitão. Nós propomos e quem aceita tem de assumir essa responsabilidade. Penso
que o Hugo Rosa vai dar continuidade ao que já foi feito, mas também alguém de
fora poderá eventualmente estar nesse grupo de capitães, que, por enquanto,
ainda não está definido.
Preferem a
série de Lisboa ou a do Algarve/Alentejo... uma vez que oficialmente ainda não
está anunciado?
Por todas as circunstâncias que envolvem o clube, a
de Lisboa. Por tudo, até pelo facto dos jogadores preferirem a de Lisboa, nós
também queremos Lisboa. No entanto, do ponto-de-vista desportivo, talvez a do
Algarve, já que conheço todos os estádios, todos os jogadores. Talvez partíssemos
com um grau de conhecimento mais elevado com a série do Algarve. No entanto, a
partir do momento em que ficar decidido que será Lisboa, é fazermos o trabalho
de casa e rapidamente conhecermos todas as equipas da série.
Mas já deve
haver uma ideia sobre as equipas de Lisboa. Quais são as maiores dificuldades?
O 1º de Dezembro, até porque passará a ser 100%
profissional, com grande investimento, a trabalhar de manhã, vai assumir
favoritismo. O Loures, até pelo que disse o seu treinador, José Viriato, também
vai lutar pelos primeiros dois lugares. O Sintrense vai ser semi-profissional e
é uma equipa muito forte. O Casa Pia também já assumiu a candidatura. O
Sacavenense tem um treinador que venceu a série na época passada (ao serviço do
Loures) e conhece bem a série.
Estas cinco equipas, pelo menos, são muito fortes...
mas há sempre outras que surpreendem, como o Ferreiras na época passada.
Permita-me a
provocação: o Cova da Piedade pode ser uma espécie de Ferreiras na época
passada?
O Cova da Piedade vai jogar, sinceramente, para
garantir a manutenção o mais rapidamente possível, com tranquilidade. Na última
época conseguimos na penúltima jornada. Se agora conseguirmos na antepenúltima,
já será melhor. No entanto, também digo que há algo que vai acompanhar-nos
todos os jogos: a ideia da vitória! Isso é garantido! Se for possível andarmos
nos primeiros lugares, vamos aproveitar, sabendo que os investimentos e objetivos
das outras equipas são superiores e termos de ser coerentes. No entanto, também
foi assim na última época e a três jornadas do fim, estávamos perto da fase de
subida. E olhando para trás, podemos dizer que atingir objectivos neste clube
nunca foi fácil, mas sempre foi ... este ano acredito que continuará a ser.
Nota: o
planeamento e os objetivos da nova temporada foram a base desta primeira metade
da entrevista ao treinador do Cova da Piedade.
A importância
dos sócios e a relação entre jogadores e adeptos é o tema seguinte
Em relação aos
sócios, é legítimo pensarem em mais do que a manutenção, ao verem nomes como
Falardo, Pedro Alves ou Tiago Almeida?
As equipas são, naturalmente, formadas pelos
jogadores, mas não podemos esquecer que há uma estrutura por detrás. Convém
lembrar que há 25 anos que o Cova da Piedade não estava na segunda divisão.
É importante estruturar o clube e estabilizar o clube
nesta divisão. No fundo, uma equipa de rotina na segunda divisão, ter nome e
estatuto de segunda divisão. Se pudermos ficar em 4 º lugar, não vamos ficar em
5 º!
Se pudermos ficar em 3 º, não vamos ficar em 4 º
lugar, e por aí fora. Vamos pedir aos sócios que nos apoiem. Apesar de termos
3, 4 jogadores habituados a jogar, normalmente, por outros objetivos, espero
que os sócios entendam que 3, 4 jogadores não fazem uma equipa - ajudam a
equipa!
Honestamente, peço e espero que haja uma maior
empatia em determinados momentos entre sócios e equipa, fundamentalmente,
porque o objetivo é o mesmo: ganhar.
Mas nem sempre isso é possível. Importante é que
quando isso não acontecer, termos a massa associativa como no jogo decisivo com
o Barreirense, que nos levou e empurrou para a vitória. Até me apetece dizer
que foi aquela bancada que empurrou a bola, com o Jessy, para dentro da baliza.
Esse papel de apoiar é que é importante, e não
comportamentos como já aconteceram em determinados jogos, em situações
completamente deslocadas...
Os jogadores
sentiram isso?
Claramente! Quando aos 3 e 5 minutos, temos pessoas a
dizer que temos de jogar mais para a frente e melhor... O que nós pedimos aos
sócios é que façam parte, que estejam connosco neste caminho.
Tudo faremos para atingir os nossos objetivos.
Sabemos que o campeonato é longo e uma prova de regularidade e em determinadas
alturas as coisas podem não resultar como desejamos. Será nesses momentos que
queremos contar com os sócios para que todos juntos, nós e eles, façamos um
Cova da Piedade mais forte.
E aos
jogadores? O que lhes é exigido?
SB - Têm de ter um compromisso de seriedade. Quando
montámos estes plantel, pensamos sempre na pessoa. Não basta ser competente
como jogador. É isso que tentamos construir.
O plantel em termos desportivos parece-me competente
e em termos pessoais, por aquilo que conhecemos, parece-me um grupo de homens.
A partir daqui, pedimos responsabilidade, seriedade e compromisso com os objetivos
definidos para que no final, todos juntos, possamos ter consciência tranquila.
Digo ainda que a minha grande "boleia" até
hoje tem sido a motivação e será através dela, mais uma vez, que este grupo de
jogadores vai fazer um bom campeonato e atingir os objetivos.
Pode até parecer uma contradição falar nisto, uma vez
que temos jogadores de 35, 36 ou 38 anos de idade. Mas não é, porque a
motivação não está na idade! Está nos princípios, nos valores e no caráter de
cada um. E digo isto dando um exemplo: o nosso jogador mais utilizado na época
passada foi o mais velho do plantel - o Ricardo Aires. Portanto, não há
coincidências!
Pode pedir-se
aos sócios que deem o benefício da dúvida, ao olharem para o BI dos jogadores?
Não me leves a mal mas acho que "benefício da
dúvida" é um exagero! Eu acho que os sócios têm é de confirmar a
competência destes jogadores, independentemente da idade.
Vamos lá ver: Pedro Alves foi o guarda-redes menos
batido da nossa série na época passada; Tiago Almeida foi o melhor marcador da
fase de manutenção, com os mesmos golos que Amadeu e Fábio Marques; Nuno Abreu
fez um interregno mas é um jogador habituado a subidas; Filipe Falardo foi o
jogador mais utilizado na equipa do Farense, campeão na segunda divisão, e subiu
à Segunda Liga. Foi titularíssimo no Pinhalnovense que ganhou a nossa série, no
ano passado.
Estamos a falar de 4 jogadores que têm essa idade, é
verdade, mas vamos olhar para a última época e o seu rendimento no passado
recente. Portanto, não me parece que exista essa questão.
Última questão
relacionada com a claque do Cova da Piedade, os "Locais", e para os
sócios. Que apelo faz a todos eles?
Para os "Locais", que não mudem. Que
evoluam connosco. Têm tido um comportamento fantástico! Sou sincero: nunca
pensei que tivessem a capacidade de chegar ao plantel como aconteceu. Há um
grande envolvimento entre eles e os jogadores.
Ao fim e ao cabo, que cresçamos juntos: nós como
equipa e consolidando o clube na segunda divisão, e eles como claque,
consolidando também o seu nome como uma claque de clube de segunda divisão.
Aos sócios, que vibrem connosco. Que estejam ao lado
da equipa e nos apoiem nos nossos momentos menos bons, porque juntos seremos
mais fortes.
Fomos mais fortes quando tivemos 2500 adeptos com o
Gil Vicente, quando tivemos 1300 com o Montijo e subimos de divisão, e quando
tivemos mil pessoas contra o Barreirense e precisávamos de ganhar... e
ganhámos.
Resumindo: sempre que estivemos juntos, o Cova da
Piedade foi mais forte. A partir daqui, o que pedimos é que, independentemente
de dias menos bons, estejamos sempre juntos, porque juntos estaremos mais
fortes.
Fonte: Clube Desportivo da Cova da Piedade-Equipa
Sénior
Foto:Desportoalmada
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