Carta aberta a todos os treinadores e dirigentes dos clubes de Futsal da A.F.Setúbal.
Foto: Facebook Filipe Beja |
Por: Filipe Beja
Distrito de talento, comprovado por décadas de
jogadores de renome, nascidos e criados na denominada Margem Sul do Tejo,
principalmente no Futebol e no extinto Futebol Salão, que tem vindo a
desaparecer com o passar dos anos.
Se no Futebol continuam a haver bons exemplos, embora
longe de nomes do passado como Chalana, Bento, Diamantino, José Augusto, Manuel
Fernandes ou Jorge Martins, no Futsal raros são os casos de jogadores que
chegam ao nosso principal campeonato, e mesmo os clubes que por lá passaram,
Piedense e mais recentemente Fabril do Barreiro, tiveram apenas passagens
efémeras, não conseguindo a estabilidade necessária para uma manutenção.
Existiram e existem excepções e conquistas com
mérito, mas fruto de muito trabalho e não apenas talento.
De salientar a Taça Nacional conquistada pela equipa
da Santa Casa da Misericórdia do Seixal em 2011, ou a presença do GD Escola
D.João I na Final Four da Taça Nacional de Juniores, que lhe valeu a presença
no 1º Campeonato Nacional do escalão Sub-20, onde permanecem ainda, e espero
que seja para manter.
Ainda de referir os crescimentos sustentados de
alguns clubes que começam a ser referência, de onde destaco a CB da Charneca de
Caparica, o Bairro Miranda, São Francisco, ou Vendas de Azeitão, bem como Os
Indefectíveis, que conseguiram criar uma estrutura forte, e só assim tem sido
possível a manutenção da equipa na 2a Divisão Nacional de Seniores, aliado a
excelentes resultados na formação.
Mas, será isto
suficiente para o crescimento da modalidade no distrito?
Como amante da modalidade, e como sabem ligado ao
Futsal Nacional, tento acompanhar ao máximo o que acontece no meu distrito,
onde resido e treinei equipas de todos os escalões de formação, e sou
diariamente confrontado por acontecimentos, discursos ou acções que apenas
representam ódio e disputa, não aquela disputa saudável dentro das quarto
linhas, a que apelamos que seja com fair-play mas que seja competitiva e com
superação de todas as partes envolvidas, mas a disputa da razão, a disputa do
favorecimento do árbitro ou a tentativa de jogos mentais, que tentam copiar do
que acontece em patamares completamente diferentes do que estes.
As redes sociais têm, por certo, responsabilidade
neste assunto, mas são acima de tudo as pessoas que utilizam uma ferramenta que
podia ser positiva, por exemplo na aquisição e visibilidade de patrocinadores,
e que conseguem que seja apenas utilizada para discussões e acusações.
Estou ainda a aguardar o primeiro treinador que após
um jogo venha escrever no Facebook, perdemos porque eu fiz mal uma substituição
ou porque joguei num sistema que não foi adequado, ou o primeiro director que
venha escrever que a equipa não cumpriu os objectivos porque ele não foi capaz
de reunir as pessoas e recursos a que se propôs no início da época.
Assim, e porque não devem confundir união com
competição, porque essa é saudável e faz crescer e evoluir todos os
intervenientes, mas citando Rui Veloso, porque "muito mais é o que nos
une, que aquilo que nos separa", e nunca nos devemos esquecer que além de
jogadores estamos a formar o dia de amanhã.
Deste modo, tomei a liberdade de escrever esta carta
aberta a todos os treinadores e dirigentes do Futsal em Setúbal, para a criação
de um debate entre todos, de modo a debater os vários assuntos que me/nos
preocupam.
Para isso conto com as vossas sugestões e opiniões,
através do email: fbeja81@gmail.com.
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