domingo, 28 de fevereiro de 2016

Futsal »»» Setúbal o distrito do talento sem aproveitamento


Carta aberta a todos os treinadores e dirigentes dos clubes de Futsal da A.F.Setúbal.

Foto: Facebook Filipe Beja

Por: Filipe Beja

Distrito de talento, comprovado por décadas de jogadores de renome, nascidos e criados na denominada Margem Sul do Tejo, principalmente no Futebol e no extinto Futebol Salão, que tem vindo a desaparecer com o passar dos anos.

Se no Futebol continuam a haver bons exemplos, embora longe de nomes do passado como Chalana, Bento, Diamantino, José Augusto, Manuel Fernandes ou Jorge Martins, no Futsal raros são os casos de jogadores que chegam ao nosso principal campeonato, e mesmo os clubes que por lá passaram, Piedense e mais recentemente Fabril do Barreiro, tiveram apenas passagens efémeras, não conseguindo a estabilidade necessária para uma manutenção.

Existiram e existem excepções e conquistas com mérito, mas fruto de muito trabalho e não apenas talento.

De salientar a Taça Nacional conquistada pela equipa da Santa Casa da Misericórdia do Seixal em 2011, ou a presença do GD Escola D.João I na Final Four da Taça Nacional de Juniores, que lhe valeu a presença no 1º Campeonato Nacional do escalão Sub-20, onde permanecem ainda, e espero que seja para manter.

Ainda de referir os crescimentos sustentados de alguns clubes que começam a ser referência, de onde destaco a CB da Charneca de Caparica, o Bairro Miranda, São Francisco, ou Vendas de Azeitão, bem como Os Indefectíveis, que conseguiram criar uma estrutura forte, e só assim tem sido possível a manutenção da equipa na 2a Divisão Nacional de Seniores, aliado a excelentes resultados na formação.

Mas, será isto suficiente para o crescimento da modalidade no distrito?

Como amante da modalidade, e como sabem ligado ao Futsal Nacional, tento acompanhar ao máximo o que acontece no meu distrito, onde resido e treinei equipas de todos os escalões de formação, e sou diariamente confrontado por acontecimentos, discursos ou acções que apenas representam ódio e disputa, não aquela disputa saudável dentro das quarto linhas, a que apelamos que seja com fair-play mas que seja competitiva e com superação de todas as partes envolvidas, mas a disputa da razão, a disputa do favorecimento do árbitro ou a tentativa de jogos mentais, que tentam copiar do que acontece em patamares completamente diferentes do que estes.

As redes sociais têm, por certo, responsabilidade neste assunto, mas são acima de tudo as pessoas que utilizam uma ferramenta que podia ser positiva, por exemplo na aquisição e visibilidade de patrocinadores, e que conseguem que seja apenas utilizada para discussões e acusações.

Estou ainda a aguardar o primeiro treinador que após um jogo venha escrever no Facebook, perdemos porque eu fiz mal uma substituição ou porque joguei num sistema que não foi adequado, ou o primeiro director que venha escrever que a equipa não cumpriu os objectivos porque ele não foi capaz de reunir as pessoas e recursos a que se propôs no início da época.

Assim, e porque não devem confundir união com competição, porque essa é saudável e faz crescer e evoluir todos os intervenientes, mas citando Rui Veloso, porque "muito mais é o que nos une, que aquilo que nos separa", e nunca nos devemos esquecer que além de jogadores estamos a formar o dia de amanhã.

Deste modo, tomei a liberdade de escrever esta carta aberta a todos os treinadores e dirigentes do Futsal em Setúbal, para a criação de um debate entre todos, de modo a debater os vários assuntos que me/nos preocupam.

Para isso conto com as vossas sugestões e opiniões, através do email: fbeja81@gmail.com.

Juntos seremos mais fortes

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