terça-feira, 11 de outubro de 2016

Francisco Lufinha »»» Aventuras náuticas partilhadas, no Fórum Municipal Luísa Todi

Foto: Câmara Municipal de Setúbal
Francisco Lufinha, velejador português recordista do mundo da maior viagem de kitesurf sem paragens, partilhou no dia 11, no Fórum Municipal Luísa Todi, histórias e momentos da superação dos objetivos que levaram a uma experiência náutica surpreendente.
 
“É preciso largar e acreditar.” A afirmação, de Francisco Lufinha, que dá vento e conduz a prancha do desportista na superação dos objetivos, foi partilhada na palestra “Experiências Náuticas Surpreendentes”, integrada no programa da Semana do Mar – Setúbal 2016, a decorrer até 16 de outubro.

Aspetos das histórias que levaram à superação dos objetivos do atleta luso, que levaram a sucessivos recordes mundiais desde 2013, foram revelados na iniciativa aberta à população e que contou no público, sobretudo, com alunos dos agrupamentos de escolas Ordem de Sant’Iago e Cetóbriga.
 
“Quero partilhar convosco o que fiz e tentar inspirar-vos a fazer coisas semelhantes”, indicou o desportista de 33 anos, que começou por falar na primeira aventura, melhor, o primeiro recorde mundial alcançado numa viagem de kitesurf sem paragens entre o Porto e Lagos. Foram 307,5 milhas náuticas em mais de 27 horas.

Vento a 20 nós, lua cheia e céu limpo. Estas foram três condições essenciais para o sucesso de Francisco Lufinha, que, em 2013, bateu o recorde do mundo, na altura fixado em 199 milhas náuticas. Esteve para não conseguir. Perto do Cabo Espichel ficou sem vento. Tinha percorrido 197 milhas. Mas o vento voltou a soprar de feição.

Quando se acredita, as coisas acontecem. Toda a gente me dizia que era impossível”, recordou, para depois abordar a preparação para o desafio. Entre muito treino físico, um teste duro à perseverança. “Fiquei 24 horas em cima de uma prancha, numa piscina, para experimentar a resistência do corpo.”

Mais que treino, distribuído ao longo de muitas horas diárias, entre corrida, ginásio, natação e prática de kitesurf, o atleta reforçou que há outros sacrifícios a fazer, concretamente um regime alimentar especifico para aguentar toda a exigência dos desafios e, ainda, muito e bom descanso.
 
“A preparação é 80 por cento do sucesso”, confessou Francisco Lufinha, que nesta palestra realizada no âmbito de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016 falou ainda do segundo desafio superado, uma travessia marítima no ponto mais a sul de Portugal, entre as Ilhas Selvagens e o Funchal, na Madeira.

Depois, a maior aventura, para bater mais um recorde mundial. Uma travessia entre Lisboa, a partir do Terreiro do Paço, e Machico, na Madeira. O recorde da maior viagem de kitesurf sem paragens foi batido, num total de 543 milhas náuticas percorridas, correspondente a 874 quilómetros, e perto de 48 horas no mar, mas o cansaço levou-o a interromper o trajeto.
 
“Foi duro, muito duro. Mas valeu a pena”, repetiu, insistentemente, Francisco Lufinha, que relembrou alguns dos episódios mais complicados da última aventura. “Dei uma grande queda e perdi a minha melhor prancha. Pior, o barco de apoio continuou a toda velocidade e fiquei para trás sozinho. Estive em perigo.”

Depois, o cansaço acumulado, a visão quase nula durante a noite quando a lua teimava em não aparecer, e o sono. “Adormeci algumas vezes e tive alucinações.”

Estas foram apenas algumas das peripécias superadas nas viagens e que mostram a coragem, determinação e imaginação necessárias para superar os desafios. 

Francisco Lufinha, 33 anos, natural de Lisboa, iniciou a prática da vela aos 11 anos. Durante sete anos de competição ganhou regatas nacionais e regionais, tendo representado Portugal em diversas provas europeias. Além da vela, praticou esqui aquático, wakeboard e windsurf, mas foi o kitesurf que mais o cativou.

Em 2005, sagrou-se campeão nacional e, em 2006, foi vice-campeão e alcançou um quinto lugar na regata do circuito mundial PKRA, em Portimão. Em paralelo com a vida desportiva, Francisco Lufinha concluiu em 2007 o mestrado em Engenharia e Gestão Industrial no Instituto Superior Técnico.

Fonte: Câmara Municipal de Setúbal

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